Natal é tempo de encontros, abraços e alegria…
Anuncia-nos luz, vida e esperança. Tempo que contagia a todos, pagãos, cristãos e inclusive gente de religiões não cristãs. Observei neste final de ano um crescente número de grupos de pessoas se organizando para promover ações de solidariedade, principalmente para famílias que encontram-se abaixo do índice da pobreza, os miseráveis que hoje se multiplicam pelas praças públicas, viadutos e marquises de prédios comerciais. Na cidade de Vitória/ES, onde resido, vejo acontecer inúmeras iniciativas de solidariedade, como o projeto “Loja de rua” para moradores de rua que precisam de roupas, mantimentos e agasalhos. Vi também as novenas de Natal na paróquia que participo, Santuário Nossa Senhora de Fátima, pela Igreja Católica mobilizando ações de solidariedade às famílias empobrecidas dos bairros, como fechamento da novena. Na passagem do dia 24 para o dia 25 de dezembro enquanto muitas famílias se reunirão para a ceia de Natal, um grupo de voluntários em Vitória/ES servirá a ceia de natal aos moradores de rua, com presentes também. Estes sinais na sociedade, de alguma forma são motivados pelo espírito Natalino da solidariedade.
Neste ano cresceu assustadoramente o número de moradores de rua em todo o Brasil, nas cidades maiores e capitais essa é uma realidade palpável. Só perto de onde moro em uma esquina, onde há uma cobertura de um comércio, dormem toda noite aproximadamente de 20 a 30 pessoas. Ao escurecer, logo pelas 20 horas, começam a aparecer com colchões, cobertores e seus pertences geralmente em carrinhos de mão. E por incrível que pareça, logo bem cedo, já não os vemos, se espalham pelo bairro buscando trabalho, catando latinhas, papelões e ofertas de alimento que recebem. Sempre por perto vejo “anjos da guarda” que entregam sopas e utensílios para a sobrevida deles na rua. A solidariedade é a esperança de vermos brotar a igualdade, a dignidade e a fraternidade entre os cidadãos. Assim, ao vemos algumas cenas de grupos se unindo para pelo menos minimizar o sofrimento de um irmão semelhante, temos um sinal de esperança.
“Alegrai-vos sempre no Senhor!” (Fl 4,4)
No terceiro domingo do Advento, tempo litúrgico celebrado pela Igreja Católica, refletimos o tema “Alegrai-vos sempre no Senhor!” (Fl 4,4), esta também foi a Palavra de Vida do Movimento dos Focolares para dezembro. A cor é o rosa em alusão a alegria. Os que esperam na dimensão da fé e espiritualidade o menino Jesus que nasce, tem o coração e alma alegres tanto para viver como para servir. Nesta espera do menino Deus que chega, a alegria é a marca dos cristãos, pois se espera a luz, o amor e a certeza da paz que nasce com o Príncipe da paz que é Jesus Cristo.
O Natal dentro da perspectiva cristã é a lembrança da saga de um povo a caminho que vem desde o Gênesis e emerge com força no livro do Êxodo, através de Moisés e a fuga do povo Judeu da escravidão do Egito. Antecede a Jesus, João Batista, o precursor. João Batista anuncia o filho de Deus e antecipadamente já revela o projeto de Deus para humanidade na pessoa de Jesus Cristo. Antes de Jesus iniciar a vida pública, aos 30 anos de idade João Batista responde a dúvida do povo: “Que devemos fazer?” João responde: “Quem tiver duas túnicas, dê uma a quem não tem e quem tiver comida faça o mesmo.” (Lc 3, 10-11). Esta cena antecede o início das atividades de Jesus Cristo. Na saga do povo de Deus a caminho, João Batista foi concebido antes de Cristo, o qual o encontrou ainda no ventre materno, quando Maria gerando Jesus visita Isabel sua prima que já estava grávida de João Batista e diante de Maria, Isabel exclama “Bendita és tu entre as mulheres e Bendito é o fruto de teu ventre.”, e as crianças pularam de alegria no ventre das duas mulheres Maria e Isabel (Lc 1,42). Assim, o Natal na dimensão cristã não é um fato isolado, é revitalização da história, é re-comprometimento com um projeto escatológico. Se hoje precisamos fazer ações solidárias pelo assistencialismo emergencial, com a revitalização do Projeto de Deus para a humanidade pelo Natal, somos animados a nos organizar por uma sociedade em que não haja cidadãos morando na rua. Onde trabalho, educação, saúde e moradia sejam pré requisitos básicos e fundamentais na sociedade.
Já vem a Boa Nova, Jesus Cristo!
Vejam, que em torno do Natal, temos para a maioria das populações cristãs brasileiras o menino Jesus que nasce, um tempo de espera, alegria e anúncios. Anúncio da boa nova que é Jesus Cristo, porém, um anúncio que está diretamente ligado com o compromisso com a construção de uma sociedade unida pelo amor e consequentemente composta por cidadãos que comunicam a irmandade pela igualdade, pela dignidade. Um projeto que para muitos pode parecer utópico ou até ideológico. Na verdade, encontro na palavra solidariedade, o significado mais real do Natal, o melhor de todos os significados. Solidariedade não é utopia e nem ideologia, é ação!
Natal na dimensão religiosa cristã personifica-se nas ações, no comprometimento, no serviço sempre em vista ao bem comum, na alegria de unidos uns com os outros estarmos construindo a civilização do amor. Ampliamos as festas e a alegria deste dia, não apenas por conta dos presentes, mas por nos presentearmos com a certeza de estarmos nos encontrando, nos unindo e nos comprometendo com a busca da paz entre os povos entre cada um de nossos semelhantes.
Que as luzes do Natal, os presentes, as ceias nos faça revitalizar a alegria por estarmos cultivando a solidariedade. Que todos os brilhos natalinos, todas as coletas de natal e todos os “Feliz Natal” que desejamos a cada um seja uma contínua lembrança do propósito maior do Natal que é a vida plena pela prática do amor mútuo que passa pela solidariedade.
A solidariedade engrandece a felicidade.
A felicidade faz ecoar a alegria espontânea de ser. Uma das condições para se atingir o estágio da tão sonhada felicidade é a capacidade de se doar, o altruísmo. Assim o sentido maior do Natal que está na pessoa de Jesus Cristo, que é o maior símbolo de altruísmo na humanidade (aquele que deu a vida pelo amor), é a solidariedade a mais poderosa fórmula para a felicidade. Por tudo isso, vivamos o Natal.
Feliz Natal! Feliz Solidariedade!
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